Ortodoxia 2000

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O CRISTIANISMO NA UCRÂNIA

Proto-Presbítero Nicolas Milus


De acordo com a “Crônica dos Tempos Passados”, do cronista Nestor, a vinda do Cristianismo para a Ucrânia deu-se em três etapas.

  1. A primeira começou no século I, quando o cristianismo foi pregado pelo próprio Apóstolo Santo André e seus discípulos, pela via oriental: O Apóstolo André partiu da cidade de Sinope, na margem sul do mar Negro, bordeando as costas do mar Negro e do mar de Azov, passando pela península da Criméia e pela cidade de Quersoneso. Daí, pelo rio Dnipró (Dnieper) chegou até o lugar onde hoje está a capital da Ucrânia –Kyiv (Kiev). Esta etapa também é chamada: “A MISSÃO DE SANTO ANDRÉ”

  2. A segunda, no século IX, pelos missionários e Santos Irmãos Cirilo e Metódio, na sua missão ao território dos Cosaros (khosaros), terras ocidentais da Ucrânia atual, e depois pelos seus discípulos, após serem expulsos da Moravia. Esta etapa também é chamada: “A MISSÃO DO SANTOS IRMÃOS CIRILO E METÓDIO”.

  3. A terceira, no século X, quando o cristianismo foi oficializado no ano de 988 e foi restabelecida a hierarquia eclesiástica em Kyiv, pelo grão príncipe (imperador) Volodymyr (Valdomiro). Esta etapa também é chamada : “A OFICIALIZAÇÃO DO CRISTIANISMO NA RUSH DE KYIV”.


A MISSÃO DE SANTO ANDRÉ


De acordo com santo Epifânio de Jerusalém (séc. IX), o Apóstolo Santo André chegou a Kyiv pelam via oriental: de Jerusalém através de Antioquia, Capadócia, Ponto, Sinope, Armênia, Sarmátia até a cidade de Fanagória, nas margens orientais do mar de Azov.

Daí, foi às margens ocidentais do mar de Azov, às cidades de: Bósforo (atual Kertch), Teodósia e Quersoneso, de onde foi pelo rio Dnipró até Kyiv.

De lá, de acordo com a “Crônica...” foi a Novgorod (Nova Cidade), ao norte de Kyiv, e de lá a Roma, para visitar seu irmão Pedro. De Roma, bordeando a margem direita do Rio Danúbio, voltou para Sinope.

Naquele tempo as terras da Ucrânia atual estavam sob o domínio da Cítia. E conforme os escritores eclesiásticos Orígenes (185-254 d.C), Tertuliano (160-230 d.C) Santo Atanásio (295-373 d.C) e outros, a Cítia foi destinada, por sorteio, à pregação de Santo André.

A Cítia, naquele tempo, extendia-se dos montes Bálcãs (no oeste) até o rio Volga, o mar Cáspio e os montes do Cáucaso (no leste), incluindo a península da Criméia (no sul); dos mares de Azov (no sul) até os bosques do norte. Essa região era habitada não somente pelos citas, mas também por outros povos dominados por eles. Entre os povos dominados pelos Citas, encontramos os precursores do povo ucraniano, como os Alanos (atuais Kozacos de Don e Kubánh), Dácios (eslavos misturados com romanos, atuais romenos) Getas, Krevêtchi (atuais bielorussos), roxolanos (roksolanos; atuais ucranianos da Ucrânia central), Servos, Tauros (atuais ucranianos do Sul da Ucrânia), Tiragetas (tevértsi, atuais ucranianos do Sul da Ucrânia), Trácios (eslavos misturados com búlgaros, os búlgaros atuais), Ulêtchi (atuais ucranianos do Sul da Ucrânia) e outros.

O Cristianismo chegava às terras da Ucrânia também pela via ocidental: a) pelas vias marítimas e fluviais, b) através dos comerciantes, c) através dos soldados da Ásia Menor e d) através dos próprios eslavos, a partir de Tessalônica, Macedônia, Trácia, Mésia e Dácia (os três últimos são a Bulgária e a Romênia atuais) até a Ucrânia Ocidental. Este ramo do Cristianismo provém das viagens e pregações de São Paulo por terras eslavas.


A MISSÃO DOS SANTOS IRMÃOS


O Cristianismo, semeado pelos apóstolos André e Paulo e seus discípulos, foi reforçado no século IX pela missão dos Santos Irmãos Cirilo e Metódio – Mestre dos Eslavos (a partir de 858 d.C.) Cirilo faleceu no ano de 869 d.C. e Metódio no ano de 885 d.C. Eles traduziram os livros gregos para o idioma eslavo e criaram os caracteres eslavos para facilitar a leitura e a escrita usadas até hoje.

Os Santos Irmãos eram oriundos da cidade de Solúnh (em eslavo) ou Tessalônica (em grego), onde no século I, o Apóstolo Paulo pregou o Cristianismo. Talvez por isso a “Crônica...” diz que Paulo é o apóstolo dos eslavos e ensinou-lhes a língua eslava.

A missão dos Santos Irmãos no território da atual Ucrânia realizou-se de acordo com a “Crônica...”, a pedido dos Khosaros nos anos de 885-861 d.C. De acordo com outras fontes, essa missão deu-se a pedido dos príncipes de Kyiv Askold e Dyr (852-882 d.C), os quais foram batizados pelos mesmos no anos de 860 d.C.

Os Irmãos Cirilo e Metódio, estando em Quersoneso, descobriram a Sagrada Escritura na língua eslava-rutena, os chamados “ruski pesmená” (escritos eslavos) e um homem que sabia lê-los e interpreta-los. Comparando esta língua com a sua de Tessalônica, eles começaram a ler e entendê-la, mas era difícil escrever. Então eles decidiram aproxima-la do alfabeto grego e latino, dos quais pegaram muitos caracteres. Os que faltavam, eles adotaram dos antigos ou criaram novos. Estes caracteres chamam-se cirílicos e provêm do nome Cirilo. Com poucas modificações, esses caracteres são usados em línguas eslavas até hoje.

Após essa missão, eles voltaram para Tessalônica e de lá foram para a Bulgária, Panônia e Morávia. Esta última missão realizou-se nos anos 863-967 d.C., com grande êxito.

Sabemos que entre a chegada dos santos Irmãos Cirilo e Metódio ao território da Ucrânia atual e o batismo da Rush-Ucrânia, de acordo com o estatuto de Leon o sábio (886-911 d.C.), já existiam: 1) a Eparquia de Quersoneso, que figurava sob os números: 58,25 e 16, porém sem informação sobre sua hierarquia e seu território; 2) os Arcebispados de: Bósforo (da Criméia), Nicópsis, Fula, Sugdáia e Tmutorokánh; 3) as Metropólias (arcebispados metropolitanos) de: Alânia, Cítia e Rush, sendo que esta última figurava sob o número 60, porém não se sabe onde residia o metropolita; e 4) a igreja de Santa Irene em Kyiv. A “Crônica”, falando da morte dos príncipes Askold e Dyr, quando estes foram assassinados por um soldado viking de Oleh em 882 d.C., diz que o corpo de Dyr foi enterrado atrás da Igreja de Santa Irene e sobre sua sepultura de Ascold posteriormente foi construída a igreja de São Nicolau, o que indica que o príncipe Ascold escolheu o nome de Nicolau ao ser batizado.

Por outro lado, sabemos que em Kyiv, nos tempos do príncipe Ihor ( Igor – 913-945 d.C), já existia a catedral de Santo Elias, mas não sabemos que ocupava a sua cátedra.

O Cristianismo nas terras da Ucrânia começou seu apogeu no século X, quando a princesa Olga (945-964 d.C.), esposa do falecido príncipe Ihor, a primeira mulher que ocupou o principado e a primeira princesa que, no ano de 955 d.C., batizou-se na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, e na fé Ortodoxa. Isto porque naquele tempo a Igreja de Cristo ainda não estava dividida.


OFICIALIZAÇÃO DO CRISTIANISMO NA RUSH DE KYIV


O Cristianismo atingiu o predomínio nas terras da Rush (Rus’) de Kyiv durante o reinado do neto da princesa Olga, o grão-príncipe Volodymyr (Valdomiro) o Grande (980-1015 d.C.), que no ano de 988 d.C. oficializou-se como religião do estado. No governo do seu filho, o grão-príncipe Iaroslav o Sábio (1019-1054 d.C.), que institui uma hierarquia eclesiástica própria, o Cristianismo foi ainda mais fortalecido, pois o Concílio dos Bispos elegeu entre, chamado seus membros um bispo de nacionalidade ucraniana, chamado Ilarión, e nomeou-o como metropolita (arcebispo metropolitano) de Kyiv.

Outra vez que o fato se repetiu foi na metade do século XII, quando foi escolhido e intronizado na cátedra de kyiv, pelo Concílio dos Bispos, outro metropolita ucraniano, Klym Smoliatytch, o Teólogo.

No tempo do grão-príncipe Iaroslav o Sábio já existiam numerosos templos, não só na capital, mas também em todo o país. Em sua época foi construída em Kyiv a famosa catedral de santa Sofia, que é o templo mais sagrado do povo ucraniano, e também começou a ser constituído o conjunto de mosteiros Kyivo-Petcherska Lavra.


A IGREJA NA RUSH DE KYIV


A Rush de Kyiv, atual Ucrânia, era chamada pelo gregos de “Mikro Rossia” (Malarush –Malarus’) e os territórios ocupados pela Rush de Kyiv: “Makro Rossia”. Os romanos chamavam a Rush de Kyiv de Ruthênia.

Se fez necessário esclarecer que até a batalha de Poltava existiam nessa região três estados diferentes: 1) Malarush (Mikro Rossia – ex-Rush de Kyiv), 2) Suécia e 3) Moscóvia, ou estado de Moscou.

Após a batalha de Poltava, ocorrida em 1709, quando o Tsar moscovita Pedro I derrotou Carlos XII, rei da Suécia, aliado a Mazepa, hethman da Malarush, Pedro I se proclamou imperador e trocou o nome de Moscóvia por “Vielica Rossia” (Grande Rússia). Conseqüentemente, o nome Malarush (Pequena Rússia) começou a ser tratada com desprezo pelos moscovitas ou “russos-brancos” (tsaritas) e posteriormente também pelos “russos-vermelhos”, isto é os (comunistas). Por isto os “russetchi” ou “ruthenos” – históricos habitantes da Ucrânia (que assim se chamava no ano de 1772), começaram a se dominar “ucranianos” e mudaram o nome de Malarush para Ucrânia.

A Igreja na Rush de Kyiv teve início oficial no ano de 988, quando o grão-príncipe (imperador) Volodymyr (Valdomiro) o Grande, introduzi o Cristianismo em seu império, ordenando que a população da cidade de Kyiv fosse batizada no rio Dnipró pelo Arcebispo Athanásio e pelo clero de Quersoneso e Bizâncio. De Kyiv, o Cristianismo propagou-se por todo território do império da Rush de Kyiv, incluindo os territórios da atual Bielorússia e Rússia, tornando-se a única religião. Nessa época foram reunidas todas as tribos dos eslavos orientais, que hoje correspondem ao povo ucraniano, bielorusso e russo.

A Igreja começou então a fundar escolas, a imprimir livros, construir igrejas, fundar mosteiros e, sobretudo, a praticar a vida cristã.

Os habitantes da Rush aceitaram sem resistência o Cristianismo, porque a palavra de Deus era pregada em eslavo, língua bem entendida. Os primeiros sacerdotes eram da Bulgária, de onde também vieram os primeiros livros sagrados em idioma eslavo, traduzidos pelos Santos irmãos Cirilo e Metódio.

A Igreja Ortodoxa da Rush de Kyiv, após a morte do grão-príncipe Iaroslav o Sábio, ficou subordinada ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla, que nomeava os metropolitas, na maioria gregos, com o título de “Metropolita de Kyiv e de toda a Rush”

A morte do grão-príncipe Ioroslav o Sábio coincidiu com a divisão da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica em duas: 1) Igreja Católica Apostólica Ocidental, sob a autoridade do Papa, com sede em Roma e rito romana (ou latino), hoje chamada Igreja Católica Apostólica Romana e 2) Igreja católica Apostólica Oriental, sob a autoridade do patriarca Ecumênico, com sede em Constantinopla e rito grego, hoje chamada: Igreja Ortodoxa Universal.

A Rush de Kyiv foi invadida pelos tártaro-mongóis em 1240 d.C.

(Colaboração: Olexander Stecenko)


A IGREJA ORTODOXA SOB AS OCUPAÇÕES DA UCRÂNIA


A Igreja de Cristo, na maioria dos casos, dependia da hierarquia existente no território da Ucrânia e das ocupações a que foi submetida.

A Igreja lutava pela independência do povo e o povo lutava pela independência da Igreja.

Assim, no período da ocupação mongol (1240-1363 d.C.), o metropolita de Kyiv Cirilo II (1243-1280 d.C.) transferiu em 1250 a sua residência para a cidade de Volodymyr (Vlademir), às margens do rio Klazma, e depois para Moscou, e o povo da Ucrânia ficou sem hierarquia.

Por falta de metropolita em Kyiv, o Patriarca de Constantinopla criou em 1302 a Metropólia de Halytch, na Galícia, mas esta Metropólia deixou de existir no ano de 1389 d.C, porque o Patriarca de Constantinopla transferiu sua sede para Moscou.

No ano de 1363 o território da Ucrânia foi ocupado por Olguerd, príncipe lituano.

No ano de 1458, durante a ocupação lituana, foi restaurada a Metropólia de Kyiv.


A DIVISÃO DA IGREJA ORTODOXA UCRANIANA


No ano de 1569 d.C. aconteceu a união da Lituânia com a Polônia, pelo tratado de Lublin, e as terras da Ucrânia passaram a domínio polonês.

Sete anos depois, no ano de 1596, quinhentos e quarenta dois (542) anos após a divisão da Igreja de Cristo em duas, em terras ucranianas, na cidade de Brest-Litovsk, no período da ocupação polonesa, num concílio convocado pelo rei da Polônia Segismundo III, pelo tratado de Brest, a Igreja Ortodoxa Ucraniana também foi dividida em duas: 1) A Igreja Ortodoxa Ucraniana, que ficou sob a jurisdição de Constantinopla e 2) a Igreja católica Ucraniana, que uniu-se a Roma e até hoje está sob a sua jurisdição.

Como a Igreja Ortodoxa ucraniana começou a ser perseguida pelos poloneses e foi proibida a consagração de novos bispos, no ano de 1620 d.C, a convite do kozakos da Zaporíjjia, o Patriarca Teofano, de Jerusalém, fez uma visita à Ucrânia, durante a qual foi renovada, clandestinamente, a hierarquia da Igreja Ortodoxa Ucrânia.

De 1649 a 1659 d.C a Igreja Ortodoxa Ucraniana gozou de plena liberdade durante o governo do hethman Bohdan Khmelnytzkyj e do hethman Iván Vyhovshkyj.

No ano de 1686 a Igreja Ortodoxa ucraniana, por decisão de Dionísio, Patriarca de Constantinopla, foi ilegalmente subordinada a Igreja Ortodoxa de Moscou.


A IGREJA ORTODOXA AUTOCEFÁLICA UCRANIANA (SOBORNOPRAVNA)


Só depois de 235 anos de perseguição e submissão à Igreja Ortodoxa Moscovita (Russa), e após a revolução Bolchevique (1917-1918), A Igreja Ortodoxa Ucraniana recuperou a sua autocefalia (isto é, independência hierárquica).

A proclamação da Autocefalia aconteceu num concílio realizado em outubro de 1921, quando foi proclamada a Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana e foram eleitos como Metropolita o Protopresbítero Wasyl Lypkivshkyi e como Arcebispo o Padre Nestor Scharanshkyi.

Estes consagraram outro Bispos, entre os quais o Arcebispo Ioan Teodorovytch, que após sua consagração foi enviado ao Canadá e lá elevado, primeiramente, a Metropolita da Igreja Ortodoxa Ucraniana no Canadá, e depois a Metropolita da Igreja Ortodoxa Ucraniana nos Estados Unidos da América do Norte e, finalmente, a Metropolita da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana na América do Sul.

Três anos depois, a Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana (chamada “Sobornopravna”, isto é, “Regida pelo Concílio” – a autoridade máxima da Igreja). Já tinha 30 bispos, 1657 sacerdotes e 2000 paróquias.

Porém, o regime vigente (comunista) não favorecia o desenvolvimento da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana e esta passou a ser perseguida em seu pleno apogeu, entre 1936 e 1937. Durante esta perseguição fuzilaram 30 bispos, 1200 sacerdotes e centenas de milhares de fiéis. Igrejas foram saqueadas, destruídas ou transformadas em depósitos, museus e salas de concertos. Assim a Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana foi destruída pelo governo comunista-ateu no território da República Socialista Soviética da Ucrânia.


A IGREJA ORTODOXA AUTOCEFÁLICA NA POLÔNIA (1919-1939)


Antes de falar sobre a Igreja Ortodoxa na Polônia, é necessário lembrar alguns acontecimentos anteriores.

Os Eslavos, sob pressão da invasão dos Avaros (568-803), começaram a expandir-se para o oeste, sul, norte e leste.

Entre os anos 850 e 1050, começaram a expandir-se para o oeste, sul, norte e leste.

Entre os anos 850 e 1050 começaram a surgir como entidades organizadas os estados eslavos.

A Polônia surge historicamente como estados nos tempos de Mieszko I (960-992).

No ano de 966 a Polônia foi convertida para o Cristianismo católico de rito romano.

No ano de 1569, em Lubelsk, foi assinado o tratado de união entre a Polônia e a Lituânia, de acordo com o qual quase todas as terras da antiga Rush de Kyiv, incluindo as terras da Volínia e da Galícia, foram anexadas por esta União.

No ano de 1772, 1793, 1795 aconteceram as divisões da Polônia entre a Prússia, Rússia e Áustro-Húngria.

Após a terceira divisão, a Volínia e a Galícia foram anexadas ao Império Áustro-Húngaro.

As terras restantes da ex-Rush de Kyiv (Malarush foram anexadas ao Império Russo.

Como conseqüência do conflito entre a Rússia e a Áustria-Hungria (1914-1917), estourou a I Guerra Mundial, que terminou em 11 de novembro de 1918.

Após a I Guerra Mundial começaram a surgir novos estados, entre os quais também surgiu a Ucrânia, que proclamou sua independência em 22 de janeiro de 1918. Também surgiu a Polônia que proclamou sua independência em 11 de novembro de1918.

No entanto, a independência da Ucrânia terminou no ano de 1920 com a ocupação do bolcheviques.

Pela decisão do Conselho de Embaixadores da Grã-Bretanha, França, Itália e Japão, a Vilínia, Políssia e Galícia foram anexadas à Polônia em 15 de março de 1923. Nessas terras anexadas à Polônia viviam mais de 4.000.000 de cristãos ortodoxos. Deles, 70% eram ucranianos, 28% bielorussos e russos, e 2% eram tchecos ou outros.

Os ortodoxos ucranianos, encabeçados pelos bispos Dom Iúriy Iaroszewskyj e Dom Dionísio Waledynskyj, solicitaram a Sua Santidade Tykhon, Patriarca de Moscou que outorgasse à Igreja Ortodoxa na Polônia a Autocefalia, mas este pedido foi negado.

No dia 08 de fevereiro de 1923 o Metropolita foi assassinado por um fanático, simpatizante do Patriarca de Moscou. Assim Dom Dionísio o sucedeu como Metropolita.

A hierarquia da Igreja Ortodoxa na Polônia, com o apoio do governo da Polônia, dirigiu-se então a sua Santidade Kirios Gregório IV, Patriarca de Constantinopla, com o pedido de que outorgasse à Igreja Ortodoxa na Polônia a Autocefalia. Sua Santidade Kirios Gregório IV, pelo seu Tomos (Decreto, Lei) de 13 de novembro de 1924 e com a aprovação de 12 Metropolitas das Igrejas Ortodoxas, outorgou a Igreja Ortodoxa na Polônia a Autocefalia, tornando-a independente do Patriarcado de Moscou.

No dia 10 de abril de 1932 Oleksyi Hromadskyi (ucraniano) foi consagrado para arcebispo da região da volínia, e Policarpo Sikorskuj (também ucraniano) para bispo de Lutzk.

No dia 01 de setembro de 1939 a Polônia foi dividida e ocupada pelos exércitos da Alemanha e da união das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

No dia 220 de junho de 1941 começou a guerra entre a Alemanha e a URSS e, com o advento da II Guerra Mundial, as terras da Ucrânia foram ocupadas pelas tropas alemãs nazistas.

Começavam outros tempos.


A IGREJA ORTODOXA AUTOCEFÁLICA UCRANIANA NOS ANO DE 1939-1945


Primeiro período (1939-1941)

No dia 01 de setembro de 1939 começou a guerra entre a Alemanha nazista e a Polônia. A Polônia foi invadida pelos exércitos da Alemanha e, 16 dias após a invasão alemã também pela União Soviética, de acordo com o pacto secreto firmado entre Hitler e Stálin.

As terra da Volínia, políssia e podília ficaram sob a ocupação da união Soviética. Todos os ortodoxos destas terras deviam submeter-se ao Patriarcado de Moscou.

As terras de Kholm e Pidiássia ficaram sob o domínio da Alemanha.

Após a ocupação alemã, o Metropolita Dom Dionísio (Valedynskyi) solicitou este aprovado pelo tribunal em Berlim. Com este reconhecimento, os Hierarcas e os fiéis ortodoxos ficaram independentes das jurisdições estrangeiras, seja do Patriarcado de Moscou, seja do Patriarcado de Constantinopla.

A Igreja Autocéfala existia com certas limitações, mas podia praticar a vida religiosa. Foram consagrados: o Prof. Ivan Ohienko em 20 de outubro de 1940, com o nome de Dom Ilarião, bispo de Kholm e Pidliássia, e Petró Vydybida-Rudenko em 09 de fevereiro de 1941 com o nome de Dom Paládio, bispo de Kráiv e Lemkivshtchyna. Os ortodoxos em geral e os Ortodoxos Ucranianos em especial começaram a reorganizar lentamente a sua vida religiosa.

Segundo período (1941-1945)

No dia 22 de junho de 1941 o exército alemão, por ordem de Hitler, atacou a união Soviética e com sua “Blitzkrieg” (guerra relâmpago), em pouco tempo ocupou as terras da república Socialista Soviética da Ucrânia.

No mês de agosto, Dom Dionísio enviou então uma mensagem aos hierarcas Dom Alexander (Inozemtzev), Dom Policarpo (Sikorskyi) e Dom Olesksa (Hromadskyi) e a toda a população ortodoxa restabelecendo a Igreja Ortodoxa nas terras ocupadas pelas tropas alemãs.

No entanto, no dia 18 de agosto, Dom Oleska, com o apoio de outros bispos submissos ao Patriarcado de Moscou, convocou um Concílio, no qual confirmaram sua obediência ao mesmo e assim criaram outra Igreja, que começou a chamar-se “Igreja Ortodoxa Autônoma”. Este Concílio provocou a divisão da Igreja Ortodoxa em terras ucranianas.

Em dezembro desse mesmo ano, na cidade de Rivne, na Volínia, em reunião dos hierarcas da Igreja Ortodoxa Autocéfala e representantes dos ortodoxos ucranianos dicidiu-se nomear Dom Policarpo como Administrador da Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana e consagrar novos bispos, que poderiam ordenar novos padres para os mesmos darem auxílio espiritual a população, após muitos anos de perseguição ateísta.

Nos dias 09 e 10 de fevereiro de 1942, foi convocado, na cidade de Pinsk, um Concílio, no qual foram escolhidos e consagrados dois candidatos como bispos auxiliares de Dom Policarpo para ser criada a igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana.

Estes auxiliares de Dom Policarpo convocaram um Concílio em Kyiv, de 09 a 17 de maio de 1942, em que foram eleitos e consagrados mais 6 bispos. Até o final de 1942 foram consagrados mais 3 bispos.

Isto permitiu a ordenação de novos padres para ocupar até o final de 1942 mais de 1000 paróquias renovadas ou recém-formadas.

No começo de 1943, o comissário Nazista Alemão Erik Koch proibiu: 1) convocar concílios, 2) consagrar bispos e 3) nomear padres para as paróquias sem autorização explícita dos comissários regionais.

No final de 1943, o com a aproximação do exército comunista, em sua maioria os hierarcas da Igreja Autocefálica Ucraniana abandonaram a Ucrânia e, no começo de 1944, com o auxílio de Dom Mstyslav (Skrypnyk), partiram em comboio para o oeste.

No entanto, os bispos e sacerdotes que vieram à Alemanha foram proibidos de atender ou dar auxílio espiritual aos ortodoxos ucranianos.

No dia 09 de maio de 1945 a Alemanha Nazista deixou de existir.

Após a Segunda Guerra Mundial os Ucranianos Ortodoxos emigraram a outros países, inclusive para o Brasil.

Bibliografia

  1. Antin Kusczynskyj: “Korotka Ukrainkoi Tzerkvy”. Chicago – 1971.

  2. “Atlas da História do Mundo”. Folha de São Paulo – 1995.

  3. “Martyrology of UkranianChurch”. Toronto – Baltimore – 1987.

  4. Prof. Demétrio Doroshenko: “História de Ucrânia”. RCU, Buenos Aires – 1962.

  5. Rev. N. Pliczkowski: “ A Short of the UkranianOrthodox Church”. Adelaide – 1988.

  6. “Sínodo da I.O.A.U. na Diáspora.” Muenchen – 1947.



IGREJA ORTODOXA
UCRANIANA NO BRASIL


Proto-Presbítero Nicolas Milus


A IMIGRAÇÃO UCRANIANA NO BRASIL


Foi nos primórdios do regime republicano brasileiro que se intensificou a imigração no Brasil. Um decreto do Governo Provisório, baixado em junho de 1890, que vigorou por quatro anos, regulava a entrada dos migrantes, concedendo-lhes passagem gratuita com subvenções conseqüentes às companhias marítimas para o seu transporte e distribuindo aos recém chegados lotes de terras nas colônias estabelecidas pelo Governo Federal, de acordo com as administrações estaduais.

Assim sendo, a imigração dos ucranianos no Brasil em 1872, segundo o testemunho do Pe. Rafael Krynitzkyi, da Ordem dos Basilianos, um dos primeiros missionários ucranianos no Brasil. Entre eles havia uma família da Ucrânia Ocidental (Galícia), do município de Zólotchiv, encabeçada por Nicolau Morosovytch, que veio trabalhar nas fazendas de café do Estado de São Paulo. O Pe. Rafael se encontrou com ele, já velhinho, em 1914, em São Paulo. (Pe. V.N. Bureko – pág. 47.)

No entanto, as primeiras famílias ucranianas a chegarem em grupo ao Brasil foram oito famílias da Galícia Oriental, que chegaram no ano de 1891 e fundaram a colônia Santa Bárbara, perto de Palmeira, entre Curitiba e Ponta Grossa, no Estado do Paraná. (RCBU, Estética Gráphica, Curitiba, 1991).

Mas as maiores levas foram sem dúvida as de 1895, 1896 e 1897, quando chegaram cerca de 20.000 imigrantes aos portos de Paranaguá e Santos, sendo que em 1895 vieram da Galícia cerca de 5.500 ucranianos, desembarcaram em Paranaguá, e daí seguiram para os arredores de Curitiba. (Prof. O Buruszenko).

Dos que chegaram em 1896, 1500 famílias, ou seja, aproximadamente 8.000 pessoas se dirigiram a Prudentópolis e seus arredores, 800 famílias estabeleceram-se nos arredores de Marechal Mallet e Dorizon, 2.000 imigrantes fixaram-se na colônia de Água Amarela (hoje Antônio Olinto), 80 famílias em Jangada (União da Vitória), 200 famílias procuraram Iracema, região que mais tarde seria anexada ao Estado de Santa Catarina, fundando núcleos coloniais que até hoje subsistem. (Pe. V.N. Burko – pág. 49)

“Nos anos subseqüentes”, 1897-1899, desembarcaram no Paraná mais 300 famílias ucranianas quês posteriormente se fixariam nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul”. (Pe. V.N. Burko – pág 49)

“No começo deste século, o grupo ucraniano chegava a contar no Paraná cerca de 24.000 imigrantes, não sendo considerado um grande número dos que foram vítimas de epidemias ou pereceram de outros infortúnios.” (Prof. O. Boruszenko)

“De 1901 a 1907 a imigração ucraniana descresceu em ritmo. Nestes anos a média de pessoas que entravam no país, provenientes da Ucrânia, era de 700 a 1.000. O Estado preferido era ainda o Paraná. Alguns no entanto, procuraram os Estados vizinhos.

Mas uma onda de imigração em massa dava-se a partir de 1908 até 1914, constituída sempre, na sua maioria, de oriundos da Galícia. Serviu de motivo para esta nova grande leva a campanha brasileira para a construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Vendo a oportunidade de trabalho, com a requisição em massa de mão-de-obra, milhares de ucranianos deixaram o seu país, para obterem no Brasil melhores condições de vida e, se possível, terras baratas.

Formaram-se, então, novo núcleos coloniais nos Estados do Paraná e de Santa Catarina, como também no Rio Grande do Sul, onde se pode citar: Guarani, Campinas, Ijuí, Jaguari, Erechim.

De um total de vinte mil imigrantes chegados em 1908-1914, sabe-se que 18.500 fixaram residência nos estados do Paraná e Santa Catarina, indo os restantes para o rio Grande do sul e outros Estados. E assim, a imigração ucraniana no Brasil até 1914 elevava-se a 45.000 pessoas.

Após a I Guerra Mundial a imigração voltava a arrefecer-se. Desta vez o declínio era motivado também por razões políticas. De qualquer modo, o número dos chegados para o Brasil até a II Guerra Mundial não ultrapassou a cifra de 9.000 almas.

Em seguida a esta guerra, ou seja, a partir dos meados de 1947 até 1951, mais de 7 mil imigrantes ucranianos foram registrados em nossos portos... A maioria desta vez, dirigia-se para São Paulo, não faltando entretanto os que continuavam preferindo o Paraná ou Rio Grande do Sul. Grupos menores também estabeleciam-se também nos estados de Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro”. (Pe. V.N. Burko – pág 49-50)


OS UCRANIANOS ORTODOXOS


Os ucranianos que chegaram ao Brasil pertenciam ao mesmo rito bizantino (também chamados grego, oriental ou ruteno), mas estavam divididos pelas jurisdições. Uns, a maioria, eram da Igreja Greco-Católica Ucraniana e pertenciam a jurisdição do Papa de Roma;também eram chamados uniatas, isto é, unidos a Roma. Esta união aconteceu no ano de 1596, na cidade de Brest Litovsk, sob o reinado de Segismundo III, da Polônia. Outros, a minoria, eram ortodoxos e pertencia a Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana, que reconhecia a autoridade do patriarca Ecumênico em Constantinopla (atual Istambul, na Turquia).

Os sacerdotes do rito bizantino podem casar-se, enquanto que os do rito romano (ou latino) não podem. No Brasil, esta diferença provocou muitas brigas e transtornos entre católicos ucranianos e os latinos. E também entre os ucranianos católicos e ortodoxos. Com este esclarecimento será mais fácil entender o problema da formação da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana no Brasil.

Inicialmente, os ucranianos ortodoxos eram atendidos pelos padres da Igreja Greco-católica Ucraniana: Pe. Nikon Rozdolskyi (viúvo), que morreu no ano de 1906 e Pe. Paulo Petrytskyi (casado), que morreu dia 15 de fevereiro de 1932.

No entanto, os ucranianos ortodoxos começaram a chegar em maior número ao Brasil só após a I Guerra Mundial, a proclamação da independência da Ucrânia a 22 de janeiro de 1918, e sua posterior ocupação por exércitos estrangeiros.

O primeiro grupo organizado que chegou ao Brasil era liderado por Valentin Kuts (Smolá). E o primeiro padre ortodoxo ucraniano que chegou ao Brasil, aproximadamente no ano de 1926, foi o Pe. Nicolau Ziombra.

Os primeiros núcleos dos Ortodoxos Ucranianos surgiram em Dorizon, Antônio Olinto, Cruz Machado, Marco Cinco, Gonçalves Júnior, São Roque, Curitiba, Piraquara, Guajuvira, Iapó (Castro), Joaquim Távora, Nova Ucrânia e Maringá, e após a II Guerra Mundial também em Ponta Grossa e Palmital no estado do Paraná. Nos estado de Santa Catarina, nas colônias Iracema e Jangada do Sul, e na cidade de Porto União e suas adjacências. No Estado do Rio Grande de Sul, nas adjacências de Santa Rosa, Santo Ângelo e Porto Alegre, e após a II Guerra Mundial em Canoas. No Estado de São Paulo, na colônia Ucraniana em Rancharia, cujos integrantes, no entanto, migraram para o Paraná em 1936, onde fundaram a colônia Nova Ucrânia (município de Apucarana); após a II Guerra Mundial surgiram as Paróquias Ortodoxas de Osasco e São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.


OS SACERDOTES ORTODOXOS


Como já vimos, inicialmente os ortodoxos ucranianos eram atendidos pelo padres Ucraíno-Católicos (do rito bizantino): Pe. Nikon Rozdolskyj e Pe. Paulo Petrytskyj, que atendiam a Paróquia de “São Miguel Arcanjo”, na Serra do Tigre, até sua morte.

Após a I Guerra Mundial, provavelmente em 1926, chegou ao Brasil o primeiro sacerdote da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana, Pe. Nicolau Ziombra, que era casado. Sua esposa Zenaide ajudava-lhe no ensino das crianças. Ele atendia a Paróquia da Serra do Tigre e as colônias; Jangada do Sul, Antônio Olinto, Cruz Machado, Joaquim Távora e Iapó, onde faleceu em 1942.

No ano de 1931 chegou da China ao Brasil o Pe. Leôntio Struk com sua família. Primeiramente ele estabeleceu-se em São Paulo, mas devido as necessidades transladou-se para a colônia Marco Cinco, de onde atendia a colônia Jangada do Sul até a ano de 1936. De 1936 à 1939 atendia a paróquia “Espírito Santo” da colônia Jangada do Sul, e também Santa Rosa, Santo Ângelo e Porto Alegre – Rio Grande do Sul, Cruz Machado e Serra do Tigre – no Paraná, e Iracema – em Santa Catarina. Em 1939 transaladou-se para a colônia Gonçalves Júnior (município de Irati). De 1939 até a sua morte em 1942, atendia as colônias: Gonçalves júnior, São Roque, Joaquim Távora, Rancharia (SP) Nova Ucrânia e Apucarana.

No mesmo ano chega ao Brasil, enviado por sua Eminência Ioan Teodorovitch, metropolita da Igreja Ortodoxa Ucraniana nos Estados Unidos da América do Norte, o Pe. Gregório Onysczenko, que estabeleceu-se na colônia de Iracema. Este missionário, ao chegar ao Brasil, fundou na colônia Iracema a primeira paróquia oficial da Igreja Ortodoxa Ucraniana, a Paróquia “São Valdomiro”. Desde 1930 até 1942 ele fundou e atendia as paróquias de Curitiba, Guajuvira, Iapó, rancharia, Nova Ucrânia e Apucarana. Por motivos desconhecidos, no ano de 1942, afastou-se da Igreja Ortodoxa Ucraniana e pouco depois faleceu.

No ano de 1931, a pedido dos colonos de Gonçalves Júnior, foi enviado ao Brasil, pelo Metropolita Teodorovitch, o Protoieréi (Arcipreste) Dmytró Sidckyj. Este missionário fundou oficialmente outra Paróquia da Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil, a de “São Pedro e São Paulo”, em Gonçalves Júnior, bem como a Paróquia de São Roque, município de Ivaí. Desde sua chegada até o ano de 1939 atendia as colônias: Gonçalves Júnior, Joaquim Távora e outras. Em 1939 transladou-se à colônia Iracema, e lá morreu em 1945, onde está enterrado./

No período de 1930 até 1938, sob a administração do Proto-Presbítero Dmytró Sidleckyj, auxiliado pelos padres: Nicolau Ziombra, Leôntio Struk e Gregório Onyszenko, foram fundadas 20 paróquias e missões da Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil, nos seguintes Estados: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Com o falecimento dos sacerdotes: Nicolau Ziombra, Leôntio Struk e Dmytró Sidleckyj, bem como o afastamento do Pe. Gregório Onyszczenko, a Igreja Ortodoxa enfraqueceu, a ponto de serem todas as paróquias e missões, de 1942 a 1947, atendidas por um único sacerdote, o Pe. Basílio Postolan, ordenado em 1941, no Uruguai, pelo Arcebispo Dom Nicolau (Solovei). O Pe. Basílio Postolan faleceu em 1986. Seus restos mortais jazem no cemitério de Gonçalves Júnior.

Após a II Guerra Mundial chegam ao Brasil os ucranianos da 3ª fase da imigração, e entre eles vários sacerdotes como o Protoieréi Pedro Dobrianskyj, Pe. Alexander Butkiw, Pe. Alipij Nesvydiw, Pe. André Lysenko e Pe. Paulo Bahniwskyj, que passaram a atender os ucranianos ortodoxos e a criar novas paróquias.

Em 1951 foi enviado ao Brasil, pelo Metropolita Ioan Teodorovitch, o segundo administrador, o Proto-Présbitero Filimón Kulczynskyj. O novo administrador, juntamente com os sacerdotes recém-vindos reorganizou a vida das paróquias existentes e fundou também novas paróquias. Passou a editar o jornal “Seara Ortodoxa”, preparar candidatos para o sacerdócio e organizar corais nas paróquias.

Em 1954, com a visita oficial do Metropolita Ioan, no Brasil, foram ordenados os padres: Mychajlo Kudanovytch, Volodymyr Schpak e Petró Mantchenko e foi convocado o I Concílio da Igreja Ortodoxa Ucraniana, quando foi fundada a Administração Geral da Igreja. A partir desse Concílio inicia-se a segunda etapa do crescimento da Igreja no Brasil.

Após a visita do Metropolita Ioan. Foram ordenados em São Paulo por Dom Ignatios Ferzli, Arcebispo Metropolitano da Igreja Católica Ortodoxa Antioquina na América do Sul, os padres: Fedir Kowalenko, Nicolau Schtscherbak, Iván Skrypnvk, Wasyl Petruk e Michail Dembickyj.

Porém, no final de 1960, começou uma grande reemigração dos ucranianos ortodoxos para os Estados Unidos da América do Norte e, com o reemigrantes saíram do Brasil os padres: Olexander Butkiw, Paulo Bahniwskyj, Michailo Kudanovytch, Fedir Kovalenko e Prot. Filimón Kulczynsj, passando a Igreja Ortodoxa por algumas dificuldades em virtude desta ausências.

Em 1970, foi enviado pelo Metropolita Ioan o Bispo Dom Iov (Skakalskyj), que estabeleceu-se em Curitiba. A sua chegada reavivou as paróquias do Brasil. Foi criado o Consistório (Administração Eparquial da Igreja) e ordenados os sacerdotes Volodymyr Hay e Petró Bednarskyj. O primeiro foi nomeado pároco da paróquia “São Waldemiro” em São Caetano do Sul e o segundo, pároco da paróquia “São Pedro e São Paulo” em Gonçalves Júnior. Dom Iov faleceu em 18/02/1974, sendo sepultado nos Estados Unidos.

Em 1975 o Pe. Volodymyr Hay foi consagrado bispo pelo Metropolita Mstyslav, sucessor do falecido Metropolita Ioan. No final do mesmo ano, o novo bispo ordenou sacerdote o seminarista Nicola Milus, vindo da Argentina, e recebeu no seio da Igreja Ortodoxa Ucraniana o Pe. Valdemiro Haraczuk. Dom Volodymyr Hay faleceu em 1977, e também foi sepultado nos Estados Unidos.

Em 1976 foi realizado o III Concílio da Igreja Ortodoxa Autocefálica Ucraniana na América Latina, na cidade de Encarnación, Paraguai.

Em 1977 faleceu Dom Volodymyr Hay, e após seu falecimento o Metropolita Mstyslav nomeou o Pe. Nicolas Milus como administrador da Igreja no Brasil e a partir de 1979 administrador da Igreja na América Latina. Sob a sua administração, no ano de 1983, foi convocado o Congresso das Paróquias Ortodoxas Ucranianas no Brasil e renovada a Administração Geral da Igreja no Brasil, por falta de bispo.

Em 1985, a Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil foi visitada por Dom Volodymyr Didovytch, quando foi realizado em Curitiba o IV Concílio Eparquial. No mesmo ano, Eliseu Ferens e Eugênio Berbetz foram enviados ao seminário da Igreja Ortodoxa ucraniana nos estados unidos.

No ano de 1986 foi recebido na Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil o Pe. Pedro Blachechen. Ele começou a atender as paróquias “São Miguel Arcanjo” e “São Demétrio”, em Curitiba, como também as paróquias em Jangada do Sul e Vila Zulmira, município de União da Vitória.

No ano de 1989 realizou-se o V Concílio da Igreja Ortodoxa Ucraniana na América Latina, em Encarnación, Paraguai, no qual foi aprovado o novo bispo da Eparquia, Dom Paísiy, consagrado por Dom Mstyslav, e também foi eleito o novo Consistório. Nessa ocasião, a Argentina, o Paraguai e o Brasil foram visitados por sua Eminência Dom Mstyslav. Dom Paísiy, por motivos de saúde, foi obrigado a deixar o Brasil e voltar aos Estados Unidos.

Nesse mesmo ano, Eliseu (Jeremias) Ferens foi ordenado sacerdote.

Em 1991 foram ordenados em São Paulo, por sua Eminência Dom Ignatios Ferzli, os seminaristas Eugênio Berbetz e Nicolau Hneda.

E setembro de 1993 realizou-se em Curitiba o VI Concílio da Igreja Ortodoxa Ucraniana na América Latina sob o patronato do metropolita Constantino, sucessor do metropolita Mstyslav, falecido em junho desse ano, e também com a participação do arcebispo Dom Antônio e do bispo Dom Paísiy. Os três dos Estados Unidos. No referido Concílio foi eleito e consagrado bispo da Eparquia o Pe. Eliseu (Jeremias) Ferens com o nome de Dom Jeremias e com sede em Curitiba.


CONCLUSÃO


Nos dias de hoje, a Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana no Brasil é constituída de 16 paróquias atuantes, a citar:

No Estado do Paraná: 1) Catedral “São Demétrio”, 2) Paróquia “São Miguel Arcanjo” em Curitiba, 3) Paróquia “São Jorge Protetor” em Ponta grossa, 4) Paróquia “S.S Apóstolos Pedro e Paulo” em Gonçalves Júnior (Irati), 5) Paróquia “Espírito Santo” na colônia Nova Ucrânia (Apucarana), 6) Paróquia “Santa Virgem” em Apucarana, 7) Paróquia “São Miguel Arcanjo” em Palmital, 8) Paróquia “São Nicolau” em Joaquim Távora, 9) Paróquia “Adormecimento de Nossa Senhora” em Xaxim-Jangada (Município de General Carneiro), 10) Paróquia “São João Batista” em Vila Zulmira (União da Vitória);

No Estado de Santa Catarina: 1) Paróquia “Espírito Santo” em Jangada do Sul (Porto União), 2) Paróquia de “São Valdomiro Magno” em Papanduva;

No Estado do Rio Grande do Sul: 1) Paróquia “Santíssima Trindade” em Canoas ;

No Estado de São Paulo: 1) Paróquia “São Waldomiro” em São Caetano do Sul e 2) Paróquia “Santa Virgem” em Osasco.

Essas paróquias são atendidas pelo Bispo Dom Jeremias Ferens e seis sacerdotes: Proto-Presbítero Nicolas Milus, Arcipreste Pedro Blachechen, Arcipreste Valdemiro Haraczuk, Pe. Alexandre Kostenko e Pe. Paulo Guilewicz.

Junto A Igreja Ortodoxa ucraniana no Brasil a “União da Irmandades Femininas Ortodoxa Ucranianas no Brasil”, com filias nas Paróquias e grande atuação caritativa, bem como a “Liga da Juventude Ortodoxa Ucraniana no Brasil”.

O curso Teológico, anteriormente organizado, formou quatro seminaristas. Agora está sendo organizado o Seminário Teológico Ortodoxo Ucraniano na América do Sul, com sede em Curitiba.

Bibliografia

  1. “Bíblia de Jerusalém”.

  2. “Crônica dos Tempos Passados” Editora “Veselka” Kyiv –1982.

  3. “Esboço da Igreja Ortodoxa Ucraniana”. Consistório da I.O.A.U., Austrália –1988.

  4. “História da Civilização Antiga e Medieval“ Nº 3. Universidade de São Paulo – 1942

  5. Natália Polonska-Vasylenko: “Alicerces Históricos da I.O.A.U.”Munique”–1964.

  6. Pe. Valdomiro N. Burko, OSBM: “A Imigração Ucraniana no Brasil”. Curitiba – 1963.

  7. Prof. Oksana Boruszenko: “Os Ucranianos”, Curitiba – 1995.

  8. Rev. George Fedoriv, Dr. Th.: “História da Igreja na Ucraniana”. Toronto –1967.



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| Página atualizada em 16 de fevereiro de 2006 |